Cairo, 20/04 – O ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Oliveira, apontou hoje, domingo, a utilização da tecnologia espacial, como uma das formas para impulsionar o desenvolvimento dos países africanos, perante os diferentes desafios que o continente enfrenta.
Ao discursar na cerimónia de inauguração da Agência Espacial Africana, no âmbito da Conferência "NewSpace Africa 2025", a decorrer até a próxima quarta-feira, na cidade do Cairo, o ministro Mário Oliveira destacou as áreas da agricultura, gestão de catástrofes, previsões climáticas, banca e finanças, bem como petróleo e gás, defesa e segurança, que podem ver os desafios ultrapassados, com recurso à tecnologia espacial.
Realçando o facto de o evento ocorrer numa altura em que Angola detém a presidência da União Africana, e um ano após ter sediado o Newspace Africa, o governante afirmou que apenas 36% de africanos estão conectados a internet, uma situação que requer acções concretas para ser ultrapassada.
O Newspace África, que Angola sedeou em 2024, afirmou, reforçou o posicionamento do país e do continente, como parceiros credíveis e comprometidos no ecossistema espacial global.
Acto contínuo, recordou que o Governo de Angola tem elaborado um Plano de Desenvolvimento Nacional 2023–2027, que entre os vários pontos, estabelece como prioridade o reforço das infra-estruturas de telecomunicações, com realce para as comunicações por satélite e o Programa Nacional de Observação da Terra.
As prioridades referidas, pretendem apoiar esforços como resolver problemas como maior inclusão digital das populações, segurança alimentar, monitorização ambiental, prevenção de desastres e o ordenamento do território, entre outros.
O Livro Branco das TIC de 2023-2027, elaborado pelo Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, orienta a Política Espacial Nacional de Angola, determinando, entre outros aspectos relevantes, o desenvolvimento de infra-estruturas espaciais modernas e resilientes, assegurando a continuidade e redundância de serviços essenciais, como comunicações, observação da Terra, navegação, meteorologia, e o aceleramento da implementação da nova economia digital.
Caso de Angola
Angola tem desenvolvido vários produtos e serviços, que com recurso à tecnologia espacial a nível das comunicações e de observação da terra, visam apoiar o desenvolvimento socioeconómico de Angola, e do continente africano.
A nível das comunicações, o ministro Mário Oliveira destacou o satélite angolano de comunicações denominado ANGOSAT-2, lançado em 2022, que já conectou mais 366.000 angolanos, nas zonas remotas, onde a maioria das populações nunca teve antes acesso a internet.
Actualmente, o ANGOSAT-2 está a ser testado a nível do continente, em países como a Zâmbia, África do Sul, e outros, perspetivando-se para breve a assinatura de contractos comerciais e parcerias nos serviços do ANGOSAT-2, com alguns países do continente africano.
No âmbito do Programa de Observação da Terra, o ministro Mário Oliveira adiantou que Angola possui vários produtos, que com recurso a imagens de satélites e inteligência artificial, prestam serviços ligados a produtividade agrícola, mineração, petróleo e gás, activos urbanísticos a estimativa de arrecadação do imposto predial urbano, entre outros.
"Ao reconhecer a importância dos programas de observação terra, e a construção de infra-estruturas que forneçam maior resiliência e independência, na aquisição de imagens satélites de alta resolução, o Governo de Angola assinou um contrato com a empresa Airbus, para construção do primeiro satélite de observação terra de Angola, denominado ANGEO-1”, afirmou.
Este satélite, segundo o ministro, tem capacidade de adquirir mais de 1100 imagens de alta resolução por dia, e que nos próximos anos irá trazer capacidades únicas de observação da terra para Angola e do continente Africano.
Compromisso
O ministro Mário Oliveira reafirmou o compromisso da República de Angola de continuar a trabalhar com os demais Estados africanos e outros parceiros internacionais, para que o espaço se afirme como um verdadeiro catalisador de desenvolvimento, uma ferramenta de integração e uma ponte para um futuro inclusivo, sustentável e próspero para todos.
Com base nestes pilares, o Governo de Angola está empenhado em consolidar uma Agência Espacial forte, com bases legais claras, capacidade operacional crescente e inserção internacional estratégica. "Acreditamos que juntos, podemos ultrapassar os nossos desafios e consolidarmos a indústria espacial africana”, enfatizou.
Para isso, adiantou, é imperativo que os países africanos aprofundem a cooperação multilateral, partilhem experiências e promovam mecanismos conjuntos de regulamentação, financiamento e capacitação técnica e científica.
No âmbito das linhas orientadoras da estratégia espacial africana em se evitar a duplicação de recursos espaciais a nível do continente, Angola lidera o projecto de partilha de satélites da SADC, com objectivo de consolidar os esforços de integração regional a nível das comunicações por satélite.
Agência Espacial Africana
A inauguração deste projecto, segundo o ministro Mário Oliveira, constitui motivo de orgulho para todos os africanos, porquanto, o continente ganha uma instituição que ajudará a coordenar os recursos espaciais existentes na região de África, e subsequentemente apoiar o desenvolvimento socioeconómico do continente.
"Aproveito a oportunidade para sugerir que nesta conferência Newspace Africa 2025, possamos compartilhar as valências espaciais que o continente africano possui, e identificarmos de como todos juntos, iremos apoiar esforços e grandes tarefas da Agência Espacial Africana”, realçou, perante uma audiência que integrou representantes de agências espaciais africanas e internacionais, além de membros de Governos e grandes empresas privadas que operam na indústria espacial global e organizações internacionais.
SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL E IMPRENSA DA EMBAIXADA DA REPÚBLICA DE ANGOLA NA REPÚBLICA ÁRABE DO EGIPTO, CAIRO, AOS 20 DE ABRIL DE 2025.