Mais de 300 mil angolanos que não tinham acesso às telecomunicações foram alcançados pelo satélite Angosat-2, através do Conecta Angola, um projecto de âmbito social com objectivo principal de levar serviços de voz e Internet às zonas mais recônditas do País.
O projecto é uma iniciativa do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MINTTICS), resultante dos ganhos do Angosat-2, e permitiu, em pouco mais de 12 meses de existência, que esse número de cidadãos passasse a beneficiar destes serviços.
A informação foi avançada ontem, quarta-feira, pelo Director Geral do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN), Zolana João, no habitual espaço "Comunicar Angola”, no Centro de Imprensa Aníbal de Melo (CIAM).
Zolana João aclarou que não corresponde à verdade que não estejamos a beneficiar dos serviços do Angosat-2, pois já há resultados visíveis, como é o caso do projecto Conecta Angola, lançado em Junho do ano passado, no ANGOTIC 2023, pelo Ministro Mário Oliveira, objectivando levar comunicações naqueles sítios onde os operadores de Telecomunicações não estejam.
"Há testemunhos de bons resultados do Conecta Angola, com o alcance de mais de 300 mil angolanos que estavam sem acesso às comunicações”, disse, citando o depoimento de um soba na comuna do Lutuai (ex. Muangai), no Moxico, que reconheceu a importância do projecto, por ter levado a comunicação naquela zona 40 anos depois.
"Parece mentira, mas temos no País 80% das pessoas sem acesso à Internet e os que mais reclamam são os que estão na capital, que têm mais de três opções de acesso”, sublinhou.
Por outro lado, o GGPEN está a trabalhar com parceiros que têm apoiado na criação de produtos e serviços ligados à observação da terra.
Zolana João avançou que os serviços do Conecta Angola já estão a ser testados na Zâmbia, onde o Governo local pretende replicar o projecto para levar comunicações às zonas mais recônditas.
O responsável lembrou que a Administração Geral Tributária (AGT) usa os serviços do Angosat-2, através de uma aplicação desenlvolvida pelo GGPEN, para apoiar no processo de cobrança do Imposto Predial Urbano (IPU).
"A AGT usa os nossos serviços, propriamente a ferramenta TECH-GEST IP, onde consegue ver mais de 11 milhões de moradias em situação irregular de imposto e melhorar a cobrança. Isto está a ser usado desde Março do corrente ano. Hoje, temos mais de cinco instituições a usarem os nossos serviços”, garantiu.
Outra ferramenta importante desenvolvida pelo GGPEN está a ser usada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), para detecção automática e monitoramento de derrames de petróleo na costa angolana, sendo que "a ANPG deu voto de confiança à equipa do GGPEN e voltou a renovar o contrato”.
Zolana João disse ainda que apenas 13 países africanos têm programas espaciais, que normalmente são compostos de projectos para desenvolver infra-estruturas, produtos e serviços com recurso à tecnologia espacial. O GPS, referiu, é um exemplo concreto de um projecto dentro de um programa espacial da NASA. O Angosat-2 é um projecto dentro de um programa espacial de Angola.
"Temos a INFRASAT, a MSTELCOM e a ITA como os maiores operadores de entrega de serviços ligados à comunicação por satélite no País, tendo em conta as infra-estruturas que possuem. Anteriormente, usavam os satélites estrangeiros e gastavam muitas divisas, hoje usam o nosso satélite e economizam dinheiro”, disse Zolana João.
Estes três operadores, continuou, têm a responsabilidade de contratar os serviços do Angosat-2, fornecer às empresas de telefonia móvel e estas, por sua vez, fornecem em dados ou voz aos seus clientes.
"Muita gente diz que não vê o impacto do Angosat-2, mas importa dizer que parte destas receitas, hoje, se reflectem na Conta Única do Tesouro. Quer dizer que já há retorno do investimento feito no Angosat-2. Parte desta receita, por via do Ministério das Finanças, pode estar a pagar os professores ou os médicos, por exemplo”, finalizou.
Fonte: MINTTICS